A batata doce e o tapete

Já se passaram alguns anos os quais alguns ciclos já se fecharam e outros foram abertos. Alguns bons anos.
Algumas vezes foram rompidas as jornadas, e também vários outros recomeços foram iniciados ora animadamente ora por insistência e perseverança mesmo.
Mas existiram em mim diferentes formas de deixar o passado ir.
Sinto que hoje, por causa de um novo método, tudo o que passou foi diferente. Caminhei pra frente sem olhar pra trás. Se por receio ou falta de percepção, não sei, mas esqueci ou deixei de fechar as portas.
Amarras podem ter ficado com pontas soltas, não sei.
Mas, hoje é diferente!
O ciclo se fecha trancando todas as portas.
É impossível passar borracha nas coisas que não me arrependo, que são parte do que sou hoje. Então, resolvo passar uma tinta em cima de muitas coisas, pintando agora da forma que eu quero que seja, nos tons que quero fazer dessas pinturas antigas, aquilo que quero ver hoje.
Carmas não são traumas, eles são adaptados de acordo com o queé permitido que ele remaneje, troque, destrua, remonte. O que quero que me defina agora, é o hoje. O passado não me molda. Faço da teleologia meu destino.
E não tenho mais a pretensão de gerar no interesse de quem lê a pesquisa e o entendimento, porque isso também é parte do que ficou pra trás.
Passado não importa.
Sem pontas soltas.

E foi num desses devaneios acanhados que levantei e fui até a cozinha, um movimento automático, aleatório e cotidiano.
E foi a cena que olhei, e congeleri e sorri. Num movimento despretensioso, rotineiro; é, sorri!
Eu não tenho tanto, mas tenho tudo. Eu perdi algumas coisas, bastante coisas, mas conquistei o suficiente. Tudo muito diferente de antes, do que foi deixado, perdido, superado.
Hoje sou isso, simples, do meu jeito, com sacrifico, aos poucos, com glória, e sorriso leve.
Ter, hoje? Taí, a batata doce do mercado que comprei ontem e que colocada na água, está aí, enverdecendo, alegrando, simples.
Ter, hoje? Paz, simplicidade, desapego. Tapete da cozinha desgranhado, mas com carinho acolhe, aquece.
Ter, hoje? Gratidao e coração quente sem medo de amanhã lutar tudo de novo para recomeçar quantas vezes for preciso.
E vai marejar olhos, por perceber que tenho força que me cobro tanto ter e confrontar o paradoxo que é fazer menos do que acho que tenho que fazer, mesmo tanto fazendo.
Estou a caminho, mesmo em passos de formiguinha (como eu adoro falar isso e me sentir criaça de novo).
Longos passos de formigunha, no tempo que o universo permitir.
E com essas imagens simples, do meu jeito, sigo daqui decidida em o que fazer com toda essa história que ficou, passou. E daqui do hoje, determino que sou como o cacho da batata doce, que poucos acreditam que surgirá, e isso pouco importa.
Desgrenhada como o tapete que se pisado, só faz aquecer os pés descanços. E não se acanha disso.

Publicado por mimorselli

A Míriam que expõe pensamentos e que não julga. Acredita que atitudes motivadoras são válidas mesmo com grandes sacrifícios. Arranha encontro de palavras e espera que a junção traga também um significado para você.

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